Você sabe o que é sororidade?

por Carla Barboza

Há pouquíssimo tempo, me identifiquei como feminista, e uma das barreiras que tive que superar foi a minha indisposição para com outras mulheres. Realmente, na prática, é muito difícil não se sentir mais feia do que aquela sua amiga, ou mais gorda que a modelo da capa da revista, ou menos inteligente do que aquela sua professora.

Depois de muitos artigos lidos, entendi que feminismo é uma luta em conjunto por nossa liberdade de escolha e equidade de direitos. E essa é uma luta das mulheres. Por isso, deveríamos nos unir – e não competir para ver quem é a mais bonita, a mais magra, a mais inteligente, a mais… mulher. Essa briga só nos separa.

O movimento feminista me apresentou a palavra “sororidade”, uma tradução da palavra “sisterhood” que significa “irmandade” em inglês. Sororidade, então, é a possibilidade de ver as outras mulheres como “manas”; como aliadas, e não como inimigas ou concorrentes.

Desde muito pequenas, a competitividade entre nós, meninas, é enorme. Mas essa competitividade é construída. Aprendemos a criticar as demais garotas e a criar uma certa rivalidade, que aumenta quando chegamos na adolescência e nos vemos obrigadas a nos interessar pelos garotos.

O triste é que nós julgamos umas às outras por causa da roupa, do comportamento, das atitutes, das companhias, dos gostos, enfim, por qualquer coisa que seja diferente do que nós mesmas entendemos como “certo”, “bonito”, “inteligente”, “bom”. Sim, eu já chamei uma mulher de “puta” só por causa do que ela aparentava, por ciúme, e – por que não? – por inveja.

Essa noção de sororidade foi um pouco estranha no início. Começar a pensar diferente foi um mega desafio. Mas ser feminista é desconstruir paradigmas, né? Parar de ver “inimigas” e concorrentes está sendo meu propósito a cada dia.

Para começar esse processo, esteja de mente aberta pra aceitar as diferenças. É necessário defender e apoiar umas às outras, parar de culpar as mulheres por seus relacionamentos abusivos, aceitar as particularidades, as neuras, os temores de cada uma, incentivá-las na luta, garantir que todas se fortaleçam.

Ainda em dúvida? Aqui vão alguns exemplos de sororidade na prática:

  • Nível fácil: dê dicas de remédios para cólica, explique o movimento feminista, leia textos e livros escritos por mulheres, seja gentil.
  • Nível básico: não julgue outras meninas pela roupa, pela maquiagem ou pelo peso. Pare de defender ideias como “quem não transa com o namorado aumenta a concorrência”, ou “namorada que trai merece apanhar” ou “ela estava pedindo para ser estuprada”. Não chame mulheres de “puta”, “vadia”, “vagabunda”.
  • Nível médio: em vez de culpar sua amiga pelo relacionamento abusivo dela, dê apoio, mostre que você está lá. Pare de defender sempre o homem e se coloque no lugar da outra mulher. Ajude aquela menina que está bebassa na festa, em vez de dar risada quando o seu amigo for abusar dela. Não diga que é exagero ou “mimimi” quando alguma mulher reclamar de machismo.
  • Nível hard: se o seu namorado estiver se engraçando com alguma menina, chame a atenção dele, não dela. Seja amiga das amigas do(a) seu/sua namorado(a). Não prolifere a ideia de que a sua sogra é uma pessoa terrível.
  • Nível avançado: tente não competir com outras mulheres. Você nunca vai ser igual a elas e elas nunca vão ser iguais a você, porque cada uma é única. Então, pare de tentar “agarrar o boy em 10 dias”: não mude por boy nenhum e não incentive que suas manas mudem. 

Explique sobre o movimento pra aquelas amigas que te olham estranho quando você se assume feminista. Mostre o por que dela ter direito a ser como quer, que ela não precisa se submeter ao machismo da sociedade, que não precisa aceitar tudo que é imposto. Que o corpo é dela, só dela, e que ela é a única pessoa que pode decidir sobre a própria vida.

Empodere as mulheres ao seu redor, mesmo que seja com um elogio, uma mão amiga ou um conselho encorajador. Estimule mais meninas, garotas e mulheres a serem poderosas!

Carla Barboza, 20 anos, estudante de jornalismo
Carla Barboza, 20 anos, estudante de jornalismo

7 comentários

  1. […] Terceiro: converse com seus amigos sobre isso. Traga-os para perto, saia com eles, desabafe. Pode ser muito difícil fazê-los entender o estado do seu namorado, mas tentar é sempre um bom exercício, porque você acaba não se isolando e, ao mesmo tempo, tirando um peso grande dos ombros. Você pode confiar nas suas amigas também e exercitar a sororidade. […]

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